domingo, 24 de fevereiro de 2013

Aonde os pés me levarem


Seus pés doíam de tanta caminhada, sem rumo, sem objetivo. Mentira, tinha um objetivo. Ela apenas não sabia qual era o mesmo ainda.


Seu salto-alto do pé esquerdo havia sido quebrado. "Culpa daquele asfalto maldito que resolveu ter um buraco exatamente onde colocaria o pé!", era seu pensamento não tão racional.

Ela se sentou no meio-fio ignorando os olhares sobre si e disse, mais pensando alto:
- Agora perdi qualquer chance de um emprego... - ela se lembrava bem de seu orientador vocacional: - "Boa aparência é fundamental!" - e agora tudo fora para o brejo.

Pegou sua bolsa e começou a procurar por um caderno de capa dura. Disse para ninguém em especial:
- E mais um capítulo da vida da lutadora personagem principal do meu livro com o seu sapato mais caro em frangalhos em mãos. - percorria as mãos e os olhos por toda a bolsa (que nem era tão grande assim) e quase teve um piripaque: Cadê seu pequenino caderno de capa completamente preta?

Lembrou-se da queda ocorrida após descer correndo do metrô. Pelo que se recordava, a ultima vez que escreveu no caderno foi dentro do metrô. Ela colocara rapidamente na bolsa enquanto corria para fora do vagão e... pisou no maldito buraco que quebrou seu bem mais caro. Provavelmente esquecera o caderno lá.
Merda.

Xingando mentalmente o buraco culpado por todos os problemas do dia, ela se levanta do meio--fio e volta pelo trajeto que fizera minutos antes.

Chegara no metrô completamente vazio, a não ser por um homem em um banco vestido com um terno risca-giz e gravata que lia atentamente algum livro, aparente muito interesante.. Não, pera... Aquele era o seu caderno?

Caminhando lentamente até o homem, observava cada traço do ser que lia seu caderno mais intimo. Moreno, cabelo ligeiramente bagunçado, pele levemente clara, havia uma covinha do sorriso que apareceu após ler alguma coisa do caderno, olhos brilhantes e escuros. Bem bonito, diga-se de passagem...

Quando chegou bem perto dele, parou e prendeu a respiração, tomando coragem para pedir seu caderno, quando ele levanta a cabeça e exibe um enorme sorriso a ela. Seus olhos hipnotizavam.

- Ah, você deve ser a dona desse caderno. - ela assentiu com a cabeça. - Escreve muito bem.

Ela deixou escapar um sorrisinho de lado ao ouvir sua escrita ser elogiada.

- Bem... Você, hã, tem algum emprego? - ele indagou já sabendo a resposta, pois já havia lido a mesma.

A moça olha para seus pés descalços e solta a primeira palavra desde que chegara ao metrô:
-Não. - sussurra.

- Percebesse... - ele também sussurrara. - Ok. Podemos falar de negócios? - ele sorri calorosamente para ela, guardando o caderno de capa preta no bolso de seu paletó.

Então ela entendeu. Ela não caminhara sem rumo algum. Tudo tinha o seu objetivo, e ela encontrara o dela. Estava bem ali, sorridente sentado no banco em sua frente. Finalmente descobrira o seu caminho. Seus pés sempre a levaram ao lado certo. Ela apenas não confiava em si mesma.

- Claro. - sorrindo, ela finalmente o responde.


Sentiram falta dos meus textos? (não respondam "Não", please!)

2 comentários:

  1. Sim senti ! ! ! >> eei lá no blog ta rolando um concurso partipa vai gostaria da
    sua presença la > http://htmlandtea-oficial.blogspot.com.br/2013/03/concurso-no-ar.html#mor

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  2. Esta muito bom Parabéns...

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