Fazer nada é o melhor que fazemos

Ócio construtivo é construir no momento do ócio. Ou seja, quando não estamos fazendo nada, podemos produzir algo: idéias, refletir sobre as coisas salutares, mas também sobre as coisas que não saíram conforme o planejado.

Ócio construtivo. Será esse o motivo de nossa sociedade não crescer?

Por isso as civilizações cresciam tão rapidamente antigamente. Ninguém sabia ler direito, não tinha TV ou internet, a melhor coisa a se fazer era ficar olhando para as chamas de fogo e as faíscas que fugiam da lareira. O melhor a se fazer era pensar. "De onde viemos?" "Para onde vamos?" "E por que pacas eu fico olhando essa lareira enquanto podia observar a vida alheia?"

Crescemos. Vivemos num lugar onde podemos conhecer o mundo inteiro por uma tela de computador. Podemos se comunicar por todo tipo de meio. 

Mas eu devo ter nascido na época errada.

Sou tão avoada e absorta que pratico ócio construtivo a cada distração e a cada "Olha! Um besouro!" enquanto recebo bronca. A cada momento que deixo pessoas no vácuo, que saio sem avisar ou me importar. E no meio de meus ócios construtivos me toquei: "Estamos numa sociedade sem ócio construtivo"

Paramos de crescer porque temos muito lazer e entretenimento (não que eu reclame disso). Fazer nada é a melhor coisa que podemos fazer entre tantas coisas que podemos fazer.

A sociedade está acomodada e necessita  de pessoas "ócio construtivas".

E agora tenho mais um motivo para querer me tornar uma escritora.

Cada um em seu casulo, em sua direção, 

vendo de camarote a novela da vida alheia
Sugerindo soluções, discutindo relações
Bem certos de que a verdade cabe na palma da mão
Mas isso não é uma questão de opinião
Mas isso não é uma questão de opinião
E isso é só uma questão de opinião...

(Pitty - Teto de Vidro)