quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Where's the problem?

A espera de um problema que sei que virá...
                                                                                                      '

  Esperando. Estou apenas esperando. 

 Olhei para a minha porta trancada a minha frente. As luzes apagadas. Janelas trancadas.
 O teto morfado em cima de mim emitia um cheiro repugnante. Não tão repugnante quanto o barulho que o monstro de pelos negros e encaracolados, pele branca quase alva, um tanto baixinho e de dedos grossos e pés grandes fazia ao mastigar os ossos da sua ultima vitima. E eu sabia que era a próxima.

  E pensar que agora estou bem, estou em paz. Consigo ver a luz do Sol. Consigo cheirar as flores. Posso observar a lua. O brilho das estrelas já mortas, porém com a luminosidade chegando a Terra após sua partida.

  Ele olhou para mim. Sei disso. Ele olhou pelo rabo de seus lindos olhos. Seu rosto demonstrava curiosidade, como se estivesse ali apenas a alguns minutos - quando já estava presa ali por dias. Talvez mais, perdera minha noção de tempo. Que tipo de demônio conseguia prender-me a ele com apenas um olhar, uma piscada e seu sorriso de satisfação após um jantar cheio de gritos dos devorados?
 Não sabia se podia dizer "foi bom enquanto durou", mas sabia que teria de abandonar aquele lugar solitário, frio, obscuro e... aconchegante.
  Ele tinha percebido minha presença.

 Sem pertubações, sem um tropeço, sem um erro cometido. É impressão minha ou está tudo perfeito demais?

  Ele virou sua cabeça lentamente. Tinha que sair dali de um jeito ou de outro. ó tinha que sair dali. Passei tanto tempo o observando atentamente, mas não observei ao meu redor direito. Aquilo parecia uma espécie de esgoto. Não conseguia ver com muita clareza, mas sabia que se eu ficasse ali por mais uma hora, pegaria sérias doenças.
  Mas uma coisa via atentamente e sem um pingo de dificuldade.

  Esperando. Estou esperando que volte.

  Aquele monstro me fascinava.

  Estou a espera.

  Seus olhos faiscaram em minha direção. Tarde demais. Teria eu tempo de fugir?

  Tudo está perfeito demais. Algo está errado. Ou deveria dizer que nada está errado?

  Ele deu um passo a minha direção. Um aviso. Hesitei. E então, comecei a correr. Para longe dali.

  Se não tem um erro sequer, tudo está errado, certo?

  Corria. Corria. Não parei de correr. Vi em que havia me metido. Devia ter fugido enquanto ele ainda estava envolvido com seus últimos petiscos. Mas não... Tenho que me oferecer de sobremesa. Ele me alcançou. Não tinha forças suficientes. Apenas olha-lo tirava cada folego meu. Me sufocava. Me fazia sofrer. E eu não queria desistir de olha-lo.
  Aquele monstro agarrara meu braço. Eu encarava o predador e ele a presa. Mas a presa puxou um fio de coragem lá em seu intimo e conseguiu fugir. Desatei a correr novamente. Senti algo escorrer pelo meu ante-braço. Não queria ver. Talvez fosse sangue. Não senti dor. Já estava conformada que aquele monstro ia deixar uma cicatriz... uma lembrança.

  Ele vai voltar. Tudo vai voltar. Pode tudo a minha volta está lindo e perfeito, mas eu ainda não estou. Ou talvez nunca fique.
  Tenho uma cicatriz para fazer-me lembrar: tudo voltará.

  O monstro parou de correr. Por um impeto, quase parei a correria e virei-me para saber o que havia ocorrido. Como eu era néscia. O monstro havia parado porque sabia que, pelo simples fato de não encara-lo, ele iria um dia me encontrar.

  E não importa quanta vezes fuja de novo. A cada fuga uma cicatriz. A cada cicatriz uma lembrança. A cada lembrança uma promessa de volta.
  Ele vai logo voltar. Está tudo perfeito demais.

  Ele voltaria. Os problemas não me deixariam.

  Logo vai chegar.

  E quando voltar, estarei pronta.

  Já estou cansada de tanto esperar.

TEXTO FICTÍCIO, PORÉM COM UM FUNDO REAL


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